Memorial Vale da Saudade

Vida e Morte de mãos dadas

Vamos demonstrar que apesar da maioria das vezes pensarmos morte e vida como fenômenos opostos, na verdade parecem fazer parte de uma mesma totalidade a qual podemos chamar de existência. Convidamos você então a descobrir que nos momentos mais felizes da vida, podemos descobrir que seremos de alguma forma forçados a refletir sobre a morte. Assim, não fuja dessa reflexão pois refletir sobre a morte também é refletir sobre a vida.

Introdução

Nesse episódio vamos falar sobre uma coisa que pode até surpreender você. Normalmente quando pensamos a questão da morte vemos o fenômeno da morte como alguma coisa completamente à margem da vida. Como se morte e vida fossem polos opostos. Entretanto parece que as duas coisas, morte e vida andam juntas. Até porque uma depende da outra para produzir o seu significado como se nós olhássemos uma imagem no espelho. Eu vou tentar me explicar melhor, como a gente poderia arbitrar a propriedade da vida se não houvesse a morte? E se um dia a vida acaba isso é fundamental pra que nós possamos dizer que existe algo a que chamamos de morte. Portanto morte e vida estão entrelaçadas. Uma não pode construir o próprio sentido sem ter a outra como referência.

Infância

É na vida cotidiana que podemos encontrar as duas quase sempre de mãos dadas. Em momentos que poderíamos dizer que seriam até inesperados. Por exemplo quando a gente vê algumas brincadeiras infantis nas “cantigas de roda” lá estão as crianças cheias de vida a cantarolar sobre a morte, por exemplo:

Hoje é domingo
Pede cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O Touro é Valente
Machuca a gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo

Os videogames estão cheios de vida e morte com a diferença de que temos mais vidas para gastar no jogo, do que no plano da realidade. O jogo mesmo parece ser um consentimento para esteticamente produzir dor, sofrimento e morte sem que o jogador possa passar por essa experiência em si mesmo de uma forma direta.

As meninas tem seu quinhão de morte quando ganham bonecas da série Monster High. Por exemplo, elas dormem em caixões, tem celulares também na forma de caixão, a estética de cadáveres, reinício de decomposição e ao mesmo tempo estão vivas celebrando interesses tipicamente adolescentes. Afinal, dará certo o namoro entre a vampira e o lobisomem?

Memento mori

Mas existe um momento insuspeito quando a morte sorrateira comparece em um memento mori musical. Aqui abrindo um parênteses. A expressão memento mori quer dizer em latim lembre-se da morte ou lembre-se que vai morrer. Portanto no nosso ambiente cotidiano todas as vezes que aparece algo que nos faz lembrar da morte a gente diz que isso é um memento mori ok? Pois é no momento que a gente menos espera lá está o memento mori numa forma musical, lá está ela cheia de vida nas comemorações de nossos aniversários.

Plano funerário Memorial Vale da Saudade
Vida e Morte de mãos dadas 1

Aniversário

Lembremos portanto a tradicional música do “Parabéns a Você”. Como é que é a letra?

Parabéns pra você
Nessa data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida
É pique, é pique
É pique, é pique, é pique
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora
Ratim-Bum

Pois é gente, o que que a música do parabéns a você nos diz? quando nos deseja muitos anos de vida? no dia do nosso próprio aniversário somos lembrados de que a vida não dura para sempre e que um dia nós iremos morrer, afinal o que desejar muitos anos de vida? É porque nós queremos ficar juntos o mais tempo possível das pessoas que amamos. Em plena comemoração os participantes são estimulados portanto a nos desejarem muitos, muitos anos de vida, um lembrete claro de nossa finitude. É em meio a festa, bebida, comida e música e somos lembrados de que o nosso tempo é finito. Lembramos aqui das sábias palavras de Rubens Alves:

A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, que não mais existe, fósforo que foi riscado nunca mais acenderá, daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte.”

Casamento

Ah mas não para por aí, vamos nos lembrar de um outro momento extremamente festivo na vida das pessoas, que é o momento por exemplo, do casamento, e assim no auge da cerimônia ao pé do altar o padre lembra ao casal apaixonado que aquela união, aquele amor vai perdurar até que a morte os separe. Portanto em um outro ritual de festa, somos lembrados de que um dia a vida termina.

Reparem bem, vida e morte estão sempre de mãos dadas basta que a gente apure só um pouquinho o nosso olhar. Assim leitor olhe para o lado. A morte sempre esteve na sua companhia, é o célebre passarinho da parábola budista que pousa em nosso ombro e nos pergunta se estamos prontos para escutar seu canto a vida sem que nos apercebamos de imediato pode ser uma boa lição que nos ensina sobre a morte.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast ThanatosCast, você encontrará nas plataformas Spotfy e Google Podcasts

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