Memorial Vale da Saudade

A morte e o sentido da vida

Nós lidamos com a morte o tempo todo. Vemos a morte dos outros que aparece para nós como números. Infelizmente também temos de lidar com a morte de pessoas que amamos. Mas, o que será que sentimos quando temos que lidar com a nossa própria morte quando nossa vida é ameaçada? Vamos compartilhar com vocês uma experiência pessoal onde olhamos diretamente para a morte e ela estava viva.

Um projeto do Memorial Vale da Saudade, apresentado por Erasmo Ruiz

Introdução

A morte não é uma brincadeira, embora muitas crianças e adolescentes brinquem com ela o tempo todo mas também não podemos submergir a morte num lago de seriedade e tristeza. Há que se buscar sentidos, há que se buscar diretivas pras nossas vidas em função da existência da morte. Assim o maior desafio quando pensamos na morte é encontrar formas de significado que possam tornar a morte aquilo que ela é de fato, um fenômeno vital da natureza que nos ajuda a valorizar a vida.

Paradoxo inédito

Durante milênios o homem cercou a morte com divindades e fábulas, mitos ancestrais que ofereciam na verdade, um sentido para a vida na medida em que explicavam ao ser humano tudo o que acontecia em sua volta. Hoje, nós nos defrontamos com um paradoxo praticamente inédito na história da vida humana. No último século, o homem dobrou sua expectativa de vida, em algumas regiões do planeta inclusive já é possível falar em médias que alcançam quase os noventa anos de idade.

A velhice no passado era um evento muito raro, era comum morrer jovem ou viver no máximo até os quarenta anos, quem ultrapassasse esses limites já era considerado idoso. Hoje estamos sobre o altar da ciência e brincamos algumas vezes de enganar a morte, eu mesmo estou fazendo isso agora. Tive um caso grave de câncer no colo, eu fui operado e quase morri uma bactéria multirresistente no hospital. Fiz quimioterapia para o câncer com prognóstico bem otimista do médico, cá estou eu depois de oito anos conversando aqui com vocês agora mas minha situação não é só minha.

Produzir sentido(s)

Milhões de pessoas já estariam mortas se não usassem da tecnologia e do conhecimento. Isso é simplesmente maravilhoso mas existe uma questão que realmente as pessoas se perguntam: O que estamos fazendo com o tempo maior de vida conquistado pela ciência? E mais se a ciência vai construindo sentidos a uma sociedade que vai encontrando formas diferentes de explicar a si mesma e a vida. Como a gente vai lidar com o aumento de vida e ao mesmo tempo com um certo sentido de perda da noção de eternidade que antes era oferecida pelas perspectivas religiosas de vida?

Hoje em dia muitas pessoas ainda dizem ter uma vida espiritualizada embora pra muitas delas colocar a eternidade como certeza absoluta é um desafio. Aqui temos que buscar o auxílio dos antigos filósofos:

  • Estamos sendo governados pela vida ou governando a vida?
  • Qual o sentido que damos as escolhas e decisões que tomamos?
  • Estamos realizando projetos de existência ou nos debruçamos na janela e ficamos indiferentes vendo o tempo e as pessoas passarem?
  • Estamos conformados com situações castradoras da nossa liberdade ou buscamos transformar a imposição das nossas obrigações em espaços de liberdade que vamos conquistando aos poucos?

E independente de crermos ou não em um por vir a discussão da morte da vida passa pela nossa liberdade em produzir sentidos para a nossa própria existência. Que digam ao mundo quem somos individual e coletivamente.

Plano funerário Memorial Vale da Saudade
A morte e o sentido da vida 1

A dádiva da existência

Discordo do Zeca Pagodinho quando ele diz: deixa a vida me levar, vida leva eu. A existência é uma dádiva que não pode ser desperdiçada como se fossemos um barco à deriva, há que se medir os ventos que inflam a vela desse barco. Há que se aprender a pilotar esse barco. Há que se buscar rotas alternativas quando as corredeiras aparecem e ameaçam afundar o nosso barco. Há que se fazer porto seguros para atracarmos. Para isso é fundamental ter a morte como um lembrete de que o tempo só em parte é governável e que chegará o dia em que o tempo não nos dará mais tempo.

Cada instante é muito precioso. Saibamos então usufruir com alegria sem perder a busca de sentidos que façam a vida valer ser vivida. Vamos? Levante a cabeça, pense em tudo que você gosta na vida que nesse momento você está deixando de fazer. Esse é o caminho para o sentido da vida, vver e ser, viver e construir com liberdade.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast ThanatosCast, você encontrará nas plataformas Spotfy e Google Podcasts

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O que você está fazendo com o tempo maior de vida conquistado pela ciência?

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