O mês de setembro é considerado o mês de valorização a vida e prevenção ao suicídio. A ideia de um momento do ano para focar nesses assuntos, surgiu à partir da história de Mike Emme, um adolescente norteamericano de 17 anos, que foi bem conhecido por ser uma pessoa carinhosa, generosa e com grande paixão por carros antigos. Mike morreu em 1994, vítima de suicídio e sua família passou a realizar campanhas para que as pessoas próximas pudessem se sentirem à vontade em se abrirem emocionalmente e pedirem ajuda, a fim de evitar o mesmo fim que Mike teve. Um outro viés da campanha do setembro amarelo e que pouco é falado, é a posvenção, o cuidado a quem vive um luto por suicídio, principalmente por ser esse mês também, forte gatilho a quem passa por esse tipo de perda. Dê o play e venha ouvir mais sobre o assunto, forte abraço.
Sumário
Introdução
O mês de setembro é considerado o mês de valorização à vida e prevenção ao suicídio. A ideia de um momento no ano pra focar nesses assuntos surgiu da história de Mike Any. Mike foi um jovem de dezessete anos que morava nos Estados Unidos. Ele era muito conhecido por ser uma pessoa carinhosa e ter habilidade com mecânica, tanto é que ele tinha um Mustang amarelo, mil novecentos e sessenta e oito, restaurado e pintado por ele mesmo. No entanto, Mike também tinha questões emocionai e em mil novecentos e noventa e quatro ele veio a cometer suicídio.
A partir então da história de Mike os familiares e amigos passaram a entregar aquele laço simbólico da campanha do setembro amarelo como forma de sinalizar as pessoas ao seu redor que elas estavam dispostas e disponíveis a ouvir e a saber como aquelas pessoas realmente estavam. Sendo assim essa ideia foi se espalhando e então chegou até o Brasil.
No Brasil a campanha do setembro amarelo foi criada em dois mil e quinze, um projeto desenvolvido em conjunto com o CVV (centro de valorização da vida) e com o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria. O intuito então dessa campanha é não só de falar sobre a prevenção ao suicídio, sinais de alerta mas também de divulgar canais de apoio a essas pessoas, e se você está ouvindo esse episódio saiba que existe o 188 que é o canal de apoio do CVV e você pode entrar em contato em qualquer momento em que precisar ser ouvido e acolhido e também divulgue esse número pra que as pessoas possam ter acolhimento e suporte apropriado.
Posvenção do suicídio
Um outro cuidado que faz parte do setembro amarelo e que muito pouco ainda é divulgado é a posvenção. A posvenção é aquele cuidado e tratamento nesse sentido de cuidado que vai ser ofertado ao sobreviventes pelo suicídio, então aos familiares e aos amigos que ficaram após passar por uma perda desse porte. Esse cuidado ao enlutado nesse mês é crucial e necessário porque é um mês gatilho também a quem vive um luto por suicídio. As campanhas tendem a ressaltar e trazer fundamentações e estatísticas que não tem muitas vezes fundamento nenhum e nenhuma fonte confiável, alegando inclusive que noventa por cento dos suicídios podem ser evitados.
Esse tipo de fala faz com que as pessoas que passam por esse tipo de perda se sintam ainda mais culpadas e com um sentimento aumentado e intensificado em relação ao fracasso.
– Puxa onde foi que eu errei?
– Por que que eu me encaixo nesses dez por cento que não conseguiram evitar e salvar esse meu familiar? Portanto é importante nós ressaltarmos que o cuidado e a prevenção ao suicídio tem como essa parte essencial o cuidado ao enlutado, afinal o luto por ser envolto de um tabu que é a morte pelo suicídio e de inúmeros outros mitos que podem trazer complicadores pra esse processo de luto. A culpa, a raiva, os questionamentos e dificuldades sobre o porquê essa pessoa decidiu tirar ali a sua própria vida e também porque eu não fui suficiente pra que essa pessoa ficasse.
Uma dor silenciada
Então se você é um enlutado pelo suicídio saiba que existe um cuidado muito específico, muito especial a ser ofertado a você e que você não tem culpa. Eu acredito que tudo dentro do seu alcance foi feito e que as demais decisões do outro chega um momento em que nós não podemos intervir e muitas vezes nem mesmo conhecer o que está ali no mais profundo daquele coração. Saiba também que o suicídio é uma reação, um sintoma de algo muito mais profundo que é o sofrimento existencial. Quem tira sua vida não tira porque verdadeiramente não quer viver mas porque a dor chega a um nível que fica insuportável de ser sentida e sem um direcionamento pra solução.
Nenhum suicídio acontece sem existir, portanto, uma dor que talvez por muito tempo tenha sido silenciada por quem passa por um adoecimento mental e por uma um forte esvaziamento existencial de não encontrar direcionamento e sentido pra vida. E quanto a isso trazer essa responsabilidade pra você
é muito pesado. Imagina você dar conta de direcionar e de ser e de fazer ser sentido de vida pra uma outra pessoa. Essas pessoas precisavam e muitas precisam de um cuidado especializado, de um cuidado pra que ela possa cuidar dessas feridas mais profundas que talvez ela tenha aí em sua vida.
Abrir mão
Se você tem passado por esse momento de luto por suicídio busque se cuidar, busque uma ajuda profissional se você sentir essa necessidade e não deixe se levar por tudo aquilo que você pensa. Muitas vezes os nossos pensamentos nos enganam, eles trazem questões que nem mesmo tem evidência ou alguma lógica dentro da nossa realidade. Aprenda a questionar o que você pensa e também a contar uma nova história dentro da sua história.
Eu desejo de coração que você possa se abraçar em meio a essa dor, reconhecer o seu potencial, as suas responsabilidades dentro de sua própria história e que você possa abrir mão daquilo que apenas lhe traz ainda mais carga e peso. De coração que essa campanha de setembro amarelo chegue a você também como uma forma de acolhimento e não apenas como um indicativo de fracasso. Você não fracassou. Você merece viver o seu luto de uma forma acolhedora e respeitosa.
Como ter ajuda?
Sabemos que passar pelo luto é muito desafiador, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.
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