Memorial Vale da Saudade

Costurando meu autoconhecimento para o recomeço

É preciso uma dose de auto conhecimento para recomeçar. É preciso olhar para si mesmo e entender o que gosta, o que busca, onde quer chegar. Se (re)conhecer, depois de tantas coisas. Vem ouvir o segundo episódio da série A Importância de Recomeçar!

Um projeto do Memorial Vale da Saudade, apresentado por Priscila Gauna

Texto do episódio

Na primeira postagem da série A importância de recomeçar, contei um pouquinho da minha
história para vocês, falamos sobre o que é e sobre se permitir recomeçar. Hoje trago para
vocês algumas reflexões para pensarmos juntos sobre recomeço e auto conhecimento,
algumas dicas que podem te ajudar e a história de duas mulheres que recomeçaram após a
perda de alguém muito amado.

Li uma frase dias atrás e tem tudo a ver com que estamos falando nessa série. “Às vezes o
coração rasgado pela dor vira retalho. Recomenda-se, nestes casos, costurá-lo com uma linha
chamada recomeço”. Abner Santos.

Já conversamos aqui sobre a necessidade de que cada um tenha seu tempo para iniciar essa
costura que a frase traz. E quando esse momento chegar, não precisa correr, dê passos pequenos. Eles podem ser mais efetivos que grandes e bruscas mudanças em nossa vida.

É importante se abrir para as possibilidades que possam aparecer. Novas experiências podem
assustar num primeiro momento, mas aos poucos você vai conhecendo novos terrenos fora
daquele mundo em que você estava até então.

Já reparou em alguns filmes ou animações onde o personagem vai entrar no mar, na piscina ou
num lago e primeiro ele coloca somente o dedão na água para sentir a temperatura? Depois
disso, vai entrando na água devagarinho, pra ver se dá pé. Até conseguir dar o primeiro
mergulho, teve todo um mapeamento daquele ambiente novo, para se acostumar e conhecer
antes de mergulhar a fundo. Na vida, a mesma coisa.

Quando recomeçamos, o ideal é ir identificando até onde dá pé, ou seja, até onde conseguimos
ir sem nos prejudicar. Está tudo bem ficar no raso por um tempo e ir aos poucos se
aprofundando nas mudanças que está fazendo.

Talvez você esteja querendo recomeçar mas se sente perdido ou perdida.

Pode ser importante buscar apoio neste momento. Ter uma pessoa, algumas pessoas, uma
comunidade para te apoiar. Pode ser sua família, colegas de trabalho, membros da
comunidade religiosa que frequenta, do esporte, do hobby que pratica – ou praticava e está
recomeçando. Pode ser uma psicóloga na terapia.

É importante se re-conhecer para recomeçar. Quem é você hoje? O que você gostava de fazer
e quer recuperar? O que você quer fazer diferente? O que quer aprender, onde quer chegar?

Quem sabe seu primeiro passo possa ser encontrar um grupo de apoio ou comunidade de
pessoas que viveram uma experiência semelhante a sua. Pode ser pessoalmente ou online.
Pode ser iniciar terapia. Ou então voltar a frequentar os encontros religiosos que te faziam bem.
Talvez voltar para o esporte que você praticava ou até iniciar um novo.

Pense na possibilidade de retomar laços de amizade, retomar sua vida social. Não digo que
precisa sair todos os dias e encontrar pessoas que não queira. Mas que tal se permitir retomar
essa vida social aos poucos? No começo pode ser difícil e você não precisa ir quando não
quiser. E se quiser, vá. Fique 20 minutos, não precisa ficar a noite toda se não quiser. Ou se
quiser, fique mais um pouco… É sobre você, é o seu recomeço.

Saber seu limite é importante. Buscar se conhecer também.

Trago aqui dois casos que me vieram a mente quando comecei a preparar esse podcast. Há
alguns dias vi na TV que a atriz Regina King está com um filme novo, e que parece muito bom,
mas o que me chamou a atenção foi que eu assisti, sem saber, a primeira entrevista que ela
deu desde que seu filho morreu por suicídio em 2022.

Após o falecimento do filho ela sumiu dos holofotes. E então, na cerimônia do Oscar no início
de março, mais de dois anos depois, ela disse para uma das maiores jornalistas dos Estados
Unidos que estava pronta e queria falar sobre o filho.

A entrevista foi emocionante. Ela falou sobre a saudade, sobre a decisão do filho, sobre o luto
ser uma jornada e no quanto ela sente a presença do filho e o quanto ele ainda faz parte de
seus dias. Ela estava ali também para falar sobre seu novo trabalho, mas antes ela decidiu
abrir o coração e falar dele.

Não sabia nada da história dela, só acompanhei uma entrevista de cinco minutos, mas sei que
o que eu vi, foi parte de seu recomeço. Pelo que entendi, ela teve seu tempo, ficou recolhida do
mundo profissional do qual ela fazia parte até que decidiu que era hora de voltar. Mas isso o que eu vi é um recorte mínimo, extremamente reduzido de uma vivência que ainda hoje aparenta ser dolorosa para ela.

Sim, eu sei que nem todo mundo pode se dar esse direito de ficar dois anos fora do trabalho,
mas estou trazendo um exemplo de uma mãe que perdeu o filho e de alguma forma encontrou
forças para recomeçar.

Um outro exemplo é o da Sheryl Sandberg que após perder o marido, resolveu compartilhar
sua experiência no emocionante livro Plano B, onde traz não só a sua, mas diversas
experiências de pessoas que precisaram recomeçar suas vidas em algum momento. Uma das
formas que ela encontrou de recomeçar, foi escrevendo o livro, compartilhando a sua e tantas
outras histórias com o mundo.

Histórias como essas e tantas outras podem nos inspirar, nos trazer reflexões importantes e
também ajudar em nossas próprias vivências.

Mas quero aqui salientar algumas coisas: Quando buscar histórias como essas, não se
compare. Não compare sua vivência com a de outras pessoas. O seu luto é só seu, seu
recomeço também. Cada um tem seu tempo.

A tendência é de que esse recomeço que estamos falando aqui aconteça de forma natural. Mas
caso identifique que está com dificuldades na vivência do luto, busque ajuda. Em alguns
momentos um grupo pode ser suficiente para te ajudar na elaboração do luto e retomada da
vida, em outros, pode ser necessário o acompanhamento individual de um profissional.

Você não precisa passar por tudo isso sozinha ou sozinho. O Vale Lutar está de braços abertos
para te receber caso seja necessário.

Como ter ajuda?

Sabemos que passar pelo luto é muito desafiador, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará nas plataformas Spotfy, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music

Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!

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O que você gostava de fazer e quer recuperar?

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