Memorial Vale da Saudade

Música e Cinema: Reflexões sobre o Suicídio em “Pais e Filhos” e “Um Homem Chamado Ove”

A arte pode ser um dos recursos de compreensão do luto e também pode nos ajudar a desenvolver ferramentas para lidar com ele. Neste episódio, faremos algumas reflexões sobre a música “Pais e Filhos” do Legião Urbana e do filme “Um homem chamado Ove”, ambos falando sobre suicídio e amor.

O link para inscrição no Grupo de Apoio ao Enlutado pelo suicídio é https://memorialvaledasaudade.com.br/enlutados-pelo-suicidio/

https://open.spotify.com/episode/3j2QMcPQmPh7je5ewXeaYr?si=4282a6a2118341d8
Um projeto do Memorial Vale da Saudade, apresentado por Priscila Gauna

Texto do episódio

Hoje trago para vocês o tema do suicídio através do viés artístico da música “Pais e Filhos”, da banda Legião Urbana, e também do filme “Um Homem Chamado Ove”. Ambas as obras abordam o suicídio de maneiras diferentes, mas complementares, e trazem reflexões importantes sobre dor, esperança e a complexidade das emoções humanas. “Pais e Filhos”, escrita por Renato Russo, é uma das músicas mais emblemáticas do rock brasileiro.

A letra famosa foi cantada a plenos pulmões por muitos adolescentes da época em que ela foi lançada, é tocada ainda hoje nas rodas de amigos, ainda faz sucesso entre as pessoas, e ela fala sobre os desententimentos entre gerações, fala sobre a necessidade de se sentir amado e sobre a importância do amor. O que muitas pessoas ainda não se deram conta, é de que logo no início da música, Renato conta sobre um suicídio:

Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu
Uhm, uhm, ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender

Pais e Filhos – Legião Urbana

Esse trecho a cima fala exatamente sobre isso. Aqui podemos inferir que ele fala sobre alguém que, apesar de vir de uma família possivelmente rica, isso não impediu que ela, por motivos que ninguém sabe, se suicidasse. E é interessante pensarmos sobre isso, porque sabemos que o suicídio não acontece devido a um único motivo. Ele é multifatorial.

E o suicídio pode ser consumado pela pessoa que convive diariamente em situação de vulnerabilidade, que, sendo acometida por transtornos mentais não tem acesso a serviços de saúde mental, mas também pode acontecer com a pessoa mais abastada, com muitos anos de estudo, aquela pessoa que viaja para diversos lugares e parece ter uma vida de sonho. Não é a condição social que determina. Assim como também não é o término de um relacionamento, a perda de um emprego, aquela briga com a família, ou o fato de ter depressão. São vários fatores que, juntos, podem resultar nesse desfecho trágico.

Ao ouvirmos “Pais e Filhos”, é essencial refletirmos sobre as mensagens que deixamos uns para os outros, sobre a importância de comunicação aberta entre pais e filhos, e sobre a necessidade de estarmos atentos aos sinais de quem pode estar lutando silenciosamente contra pensamentos suicidas. A música serve como um lembrete poderoso de que, muitas vezes, a dor não é expressa de maneira direta e que o silêncio pode esconder um sofrimento profundo.

Plano funerário Memorial Vale da Saudade
Música e Cinema: Reflexões sobre o Suicídio em "Pais e Filhos" e "Um Homem Chamado Ove" 1

O outro tema de hoje é sobre “Um Homem Chamado Ove“. É um filme sueco que narra a vida de Ove, um homem de 59 anos, daquele tipo muito rabugento, muito de mal com a vida o tempo todo. Ele briga com vizinhos por pequenos motivos, briga com os atendentes dos locais onde vai, sempre encontra defeitos e acaba sendo muito rude com todos, fazendo com que ele se afaste cada vez mais das pessoas, ficando completamente sozinho.

O filme nos mostra Ove em diversas fases da vida. Durante o longa, vamos percebendo que Ove é um homem que viveu lutos muito profundos em sua vida. A perda da mãe, ainda pequeno. A perda do pai e de sua casa na juventude, deixando-o completamente sozinho e desabrigado no mundo. A perda da esposa, do filho e do trabalho que foi o único durante toda sua vida.

Vamos percebendo que após a perda da esposa ele vai se entregando. Querendo se juntar a ela, ele tenta, por diversas vezes o suicídio. Seria um filme muito trágico, se o poder do amor, do carinho, da amizade e do respeito não se fizessem presente. Quando um casal imigrante se muda para perto da casa de Ove, sua vida começa a mudar, ainda que, num primeiro momento muito a contragosto.

E é aí que a história fica gostosa de ver. Apesar de ainda viver a dor, ele descobre aos poucos, que, mesmo no luto, é possível encontrar novos significados para a vida.

O filme oferece uma mensagem poderosa sobre resiliência e sobre como o contato humano, a empatia, e o apoio da comunidade podem ser vitais para alguém que está considerando o suicídio. Ele nos lembra que, por mais que alguém possa se sentir sozinho, a conexão real com outras pessoas pode trazer de volta a esperança.

A música “Pais e Filhos” e o filme “Um Homem Chamado Ove” abordam o suicídio de maneiras diferentes, mas as duas obras nos levam a refletir sobre a complexidade do sofrimento humano e a importância de estar presente para os outros. Se existe algo que podemos tirar dessas histórias, é a importância de escutar e apoiar aqueles que estão ao nosso redor. Às vezes, o que pode parecer um pequeno gesto pode fazer a diferença na vida de alguém.

Como ter ajuda?

Se você está percebendo que precisa de ajuda, se está muito difícil, mais uma vez te digo, busque ajuda, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará em diversas plataformas de áudio.

Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!

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O que achou das análises que fizemos neste episódio? Conhece outras obras que tratam do luto do sobrevivente pelo suicídio?

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