Memorial Vale da Saudade

Esse luto pode ir além da minha dor?

Neste episódio vamos refletir juntos sobre questões como: o luto antecipatório tem alguma influência na vivência do luto concreto? Pode ajudar a vivê-lo de forma mais saudável? Além disso, vamos refletir também sobre a possibilidade de que esse luto seja vivido buscando encontrar novos significados para questões como perda e finitude.

Um projeto do Memorial Vale da Saudade, apresentado por Priscila Gauna

Texto do episódio

Na postagem anterior, escrevi sobre os conceitos de luto antecipatório e como ele pode impactar a pessoa que está vivendo o adoecimento, e também sua família, cuidadores e amigos.

Hoje quero trazer alguns pensamentos sobre o luto antecipatório para compreendermos juntos se existe alguma outra possibilidade de vivenciá-lo, além da dor.

É importante pensarmos na seguinte questão: O luto antecipatório prepara para o luto concreto? Ou seja, quando a morte daquela pessoa que amo realmente acontecer, tudo que foi vivido até então, vai me ajudar a lidar melhor com o luto?

Não existe uma resposta única para essa pergunta, como você, que já nos acompanha aqui há um tempo deve ter imaginado.

O luto antecipatório pode sim, permitir que você vá gradualmente se adaptando a uma nova vida sem a presença da pessoa amada. Ele pode te ajudar a lidar melhor com os temas relacionados a finitude – a morte, a saudade, as reestruturações necessárias da vida, a ausência, o luto.

Mas é certeza? Não. Ele pode sim, ser um fator que vai ajudar a pessoa a lidar com o luto após a morte, mas também pode ser um fator que prejudique a vivência do luto concreto. Não existe fórmula.

Não quer dizer que necessariamente fará com que o luto concreto seja menos desafiador ou ainda que será elaborado mais facilmente. Mais uma vez, assim como o luto concreto, o luto antecipatório é completamente individual e único, e será vivido dessa forma por cada indivíduo.

Apesar disso, o luto antecipado pode sim, ser considerado por alguns como a oportunidade de construir novos significados para essa vivência.

Pode ser uma oportunidade para que as pessoas possam se despedir com calma, dizer todas as palavras que se quis, todos os “eu te amo” que por algum motivo não foram ditos, e também pode ser um período onde os envolvidos nessa questão – paciente, cuidadores, família, podem resolver pendências, tanto de cunho prático ou burocrático quanto emocional, pode ser uma oportunidade de realizar um sonho, de conversar abertamente sobre aquilo que aflige, de dar espaço para a expressão de sentimentos, de angústias, de esperanças.

O espaço aberto para uma comunicação clara, pode dar a possibilidade da pessoa que está em processo de morte, de decidir como deseja que tudo aconteça após a partida.

  • Quando estiver nos meus momentos finais, quem eu quero que esteja comigo?
  • Se meu coração parar, quero que tentem me reanimar ou não?
  • O que eu considero como sendo uma morte digna?
  • Se acontecer alguma situação em que eu não tenha mais condições de tomar decisões sobre
    meus cuidados, quem eu quero que decida por mim?
  • Como será o ritual de despedida?
  • O que quero que façam com meu corpo, serei cremada, enterrada?
  • Qual música quero que toque no meu velório?

Outro dia em uma reportagem, vi uma senhora contando que, no velório da amiga estava tocando pagode e todos estavam celebrando a vida que a amiga teve e esse foi um desejo expresso pela mulher antes de morrer.

Muitas pessoas gostariam que seus rituais de despedida fossem, de alguma forma, uma expressão de quem elas foram em vida. E essa pode ser uma forma bonita de se despedir.

Algumas dessas questões que trouxe agora podem ser documentadas em um “Testamento Vital” ou “Diretivas Antecipadas de Vontade”. Já ouviu falar? Vou retomar esse assunto nos próximos episódios. Mas quero deixar claro aqui que as vontades e decisões da pessoa em fim de vida podem ser documentadas, e outras, mais subjetivas, podem ser expressas para a família, amigos e cuidadores, e devem ser respeitadas. Essa é uma forma que pode ajudar a pessoa em fim de vida a ter algum controle sobre si e sobre a situação.

Apesar de trazer aqui alguns pensamentos sobre o quanto o luto antecipatório pode ser uma oportunidade de dar novo significado para essa vivência, em alguns casos ele pode ser o oposto, podendo ser considerado um fator de risco para o luto complicado.

Por isso é necessária a atenção para com os cuidados psicológicos não só do paciente que está vivendo o fim de sua vida, mas também dos cuidadores e familiares que precisarão viver o luto concreto após a morte de seu ente amado.

Vamos falar mais sobre isso em nossa próxima postagem, mas antes de finalizar, quero dizer à você que está vivendo nessa situação, que essa vivência pode ser extremamente desgastante e solitária e o acompanhamento psicológico pode ser muito benéfico para lidar com esse momento, então, se cuide.

Como ter ajuda?

Se você está percebendo que precisa de ajuda, se está muito difícil, mais uma vez te digo, busque ajuda, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará nas plataformas Spotfy, YouTube Music, Deezer e Amazon Music

Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!

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Você acredita que o luto antecipatório pode ajudar uma pessoa a viver o luto concreto de forma mais saudável?

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