Hoje vamos falar sobre o Dia dos Pais e como (sobre)viver a data da melhor forma possível quando o pai já não está mais presente aqui.
Sumário
Texto do episódio
O Dia dos Pais está chegando. Sei que essa data pode ser bem difícil para aquelas pessoas cujos pais já não estão mais aqui conosco. E acredite, não importa se esse é seu primeiro ou vigésimo dia dos pais que passa sem seu pai por perto, esse dia pode doer.
Além de doer pode ser que ele traga boas lembranças. E elas podem ser as mais variadas. Desde dias importantes até aquele dia comum que seu pai trouxe aquele chocolate que você mais gostava só porque sabia que você estava triste. Dizem por aí que o amor mora nos detalhes.
E quanto amor cabe nos detalhes! Ele cabe na bronca que levou quando a professora reclamou de algo, nas mensagens diárias que eram trocadas no Whatsapp, no café que era passado do jeito que você gosta, na carona que ganhou para aquela festa na adolescência, no conselho que chegava no momento de dúvida, no abraço que chegava na hora da dor.
Quando você dá espaço para as lembranças, pode ser lembrar do dia que você caiu pela primeira vez de bicicleta e teu pai te pegou do chão, do dia em que ele trouxe seu primeiro cachorrinho para casa, do dia em que ele chegava com seu material escolar para o próximo ano na sacola, daquele dia dos pais em que a família se reuniu completa pela última vez e foi um dia lindo, ou quando, na sua infância ele se vestiu de Papai Noel no Natal e você realmente acreditou que o Papai Noel estava ali na sua casa, sem nem reparar na cor desbotada da roupa alugada e do suor escorrendo por baixo do gorro se mesclando com a barba longa e sintética.
Quando se pensa no pai, dezenas de histórias como essas podem se passar pela sua cabeça. Sabemos no entanto, que cada família tem seu jeito particular de existir e funcionar e isso se reflete também nas histórias, mas fato é, se seu pai era um pai presente, você deve se lembrar de muitas delas. Espero que as lembranças boas se sobreponham às ruins, que sabemos, também existem.
Pai não nasce pronto. Pai vai aprendendo a ser pai quando o primeiro filho nasce. Seu primeiro tombo de bicicleta foi o primeiro em que ele precisou decidir entre te deixar se levantar sozinho ou te dar a mão. O primeiro namoro na adolescência? Pode ter sido a primeira vez em que ele sentiu ciúmes e precisou decidir entre brigar com você, ou conversar. Sua festa de formatura pode ter sido a primeira vez em que ele viu um filho ou uma filha se formar.
Enquanto vamos aprendendo a ser filhos, nossos pais vão aprendendo a ser pais. E isso em alguns momentos pode doer. Faz parte da experiência da vida.
E dificilmente estaremos preparados para o momento em que precisamos aprender a viver nesse mundo sem o pai.
Já ouviu falar em ordem natural da vida? Quando o pai morre, dizem que isso faz parte dessa ordem natural. Mas é realmente assim? Existe ordem? E mesmo se existisse, saber disso faria doer menos?
Assim como a vida, o luto não tem manual de instruções. Nem tem um manual de como sobreviver às datas importantes. No dia dos pais não é diferente.
Você pode se planejar para algo e amanhã, desistir. Ou pode se preparar para uma batalha, acreditando que esse dia será um dos piores e não ser. Pode ainda pensar que está tudo certo, você está bem, já tem vivido dias mais tranquilos e amanhã, quando acordar e perceber que é dia dos pais, sentir como se a realidade fosse um soco na boca do estômago. Não tem como prever. Espero que seja o mais tranquilo possível.
É importante se permitir sentir o que sente, entender que está tudo bem por exemplo, em querer visitar o cemitério e também está tudo certo caso não queira nem sair de casa.
Quer reunir a família? Organizem juntos uma reunião. Quer visitar um lugar que seu pai gostava? Vá. Quer assistir aquele filme de ação que vocês assistiam juntos na sua infância? Assista. Quer cozinhar a receita favorita dele? Faça isso. Quer fazer do dia um retiro espiritual? É válido. Quer tirar o dia para criar uma caixa de memórias com sua família? Compartilhem esse momento. Quer ensinar aos seus filhos brincadeiras que seu pai brincava com você? Se divirtam!
Faça o que quiser fazer. Se não quer fazer nada, faça nada. E se mudar de ideia, não se preocupe, isso também pode fazer parte da vivência do luto. Se permita.
É importante pensar no que faz sentido para você nesse momento. Você pensa que uma dessas homenagens possa ser algo que vai te fazer bem? Que vai te ajudar a ressignificar o vínculo que você ainda tem com seu pai? Que pode acalmar um pouquinho seu coração? Se faz sentido, faça. Pode ser muito saudável para seu luto.
Você pode precisar de um tempinho só pra você, para entender seus limites, decidir como quer viver essa data, de acordo com aquilo em que acredita, que dá conta, que faz sentido pra você.
Viva seu luto à sua maneira. E não se esqueça, você não precisa passar por tudo isso sozinha ou sozinho. O Cemitério Memorial Vale da Saudade conta com o Vale Lutar, que é o projeto que dá nome a esse podcast e também ao nosso Grupo de Acolhimento online que acontece semanalmente.
Como ter ajuda?
Se você está percebendo que precisa de ajuda, se está muito difícil, mais uma vez te digo, busque ajuda, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.
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Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará em diversas plataformas de áudio.
Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!
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