O luto afeta todas as áreas da nossa vida: física, emocional, social e até espiritual. Neste episódio, exploramos como essas mudanças se manifestam e o que podemos esperar no futuro próximo após uma perda. Vamos refletir sobre como o luto transforma quem somos e, ao mesmo tempo, nos desafia a seguir em frente. Acompanhe essa conversa cheia de acolhimento e esperança.
Sumário
Texto do episódio
No texto de hoje, vamos mergulhar em um tema importante e muitas vezes negligenciado: os impactos do luto na vida de uma pessoa. Quando perdemos alguém, o luto não afeta apenas nossos sentimentos de tristeza e saudade. Ele se espalha por várias áreas da vida e pode nos atingir de maneiras inesperadas. Você tem ideia de quais são?
Quando falamos sobre os impactos do luto, a primeira coisa que vem à mente, é claro, são as emoções. A tristeza, a dor e até mesmo o choque podem tomar conta. Mas, na verdade, o luto tem um efeito mais amplo, afetando o corpo, a mente e até os relacionamentos. Vamos começar falando sobre essas áreas e como elas podem ser afetadas.
Em primeiro lugar vou falar sobre a saúde física que é um dos primeiros efeitos do luto, mas que muitas vezes passa despercebido. A perda de alguém querido pode desencadear sintomas como insônia, cansaço extremo, falta de apetite ou, em alguns casos, o oposto, como comer em excesso. Muitas pessoas relatam dores de cabeça, dores musculares, falta de ar, aperto no peito. Isso acontece porque o luto é uma experiência profundamente estressante, e o estresse pode se manifestar no corpo de formas físicas muito reais.
Estudos mostram que o luto, especialmente no início, pode enfraquecer o sistema imunológico, tornando-nos mais suscetíveis a doenças. Por isso, é importante prestar atenção ao corpo e tentar, na medida do possível, manter uma rotina de cuidado com a saúde, mesmo quando tudo parece pesado.
É importante se atentar para o fato de que é necessário buscar acompanhamento médico para se certificar de que está tudo bem com sua saúde ao invés de depositar tudo na conta do luto.
Em segundo lugar, quero falar sobre a saúde mental. Nossa mente pode enfrentar diversos desafios ao vivenciarmos a morte de alguém amado. Confusão e desorganização cognitiva, intelectualização (quando você foca nos pensamentos para evitar as emoções), desorientação, dificuldade de concentração e problemas de memória são alguns dos efeitos do luto sobre nossa cognição.
O luto também pode afetar a vida prática e o cotidiano. A concentração no trabalho ou nas tarefas diárias pode ser extremamente difícil nos primeiros momentos. Muitos relatam que sentem como se estivessem apenas “funcionando no automático”, sem realmente conseguir focar ou se dedicar às suas atividades habituais.
É comum que a produtividade caia, que prazos sejam perdidos ou que a pessoa se sinta incapaz de lidar com o estresse do trabalho. É importante, quando possível, dar-se um tempo para processar o luto antes de voltar a um ritmo normal de trabalho. Sabemos que a realidade no país nem sempre possibilita um afastamento mais longo que três ou sete dias do trabalho, e esse nem sempre é o tempo necessário para se reorganizar mentalmente e voltar ao trabalho.
Outro ponto importante são impactos emocionais, e que, de forma geral, são os mais associados ao luto. Tristeza, angústia, solidão e até raiva podem surgir, mas não só. A culpa, inveja, alívio, choque, ansiedade, confusão de sentimentos e emoções (sentimentos emaranhados), medo, sensação de ter sido abandonada, entorpecimento, irritabilidade, saudade, negação, choro também podem ser muito presentes nesse momento.
Aqui, é importante lembrar do que já discutimos nos episódios anteriores: o luto não segue uma linha reta, nem um cronograma pré-definido. Esses sentimentos podem surgir em ondas, e é natural que o enlutado sinta emoções intensas em alguns dias e, em outros, alguma tranquilidade.
Se a pessoa enlutada percebe que não tem conseguido lidar com esse emaranhado de sentimentos e emoções, pode ser que ela precise buscar apoio, seja em amigos, familiares, um grupo ou até mesmo em profissionais de saúde mental. Lembrando que nosso projeto, Vale Lutar, além do podcast também conta com o grupo online de acolhimento ao enlutado, é gratuito e acontece de forma online. O link para inscrições está na descrição do episódio.
O luto também afeta nossa dimensão social, os nossos relacionamentos. Muitas vezes, a pessoa enlutada pode sentir que perdeu sua identidade, que perdeu um pouco (ou muito) da capacidade de se relacionar socialmente, se sentindo então isolada, como se os outros não compreendessem plenamente o que ela está passando. Isso pode acontecer até mesmo dentro da própria família. E aqui voltamos ao que já falamos em episódios anteriores: cada pessoa lida com o luto de maneira diferente, e dentro de uma mesma família, pode haver uma diversidade de respostas emocionais.
Algumas pessoas podem se fechar, evitando falar sobre a perda, enquanto outras sentem a necessidade de desabafar. Essas diferenças podem gerar tensão nos relacionamentos. Amigos, que antes eram próximos, podem se distanciar por não saberem como oferecer apoio, ou, ao contrário, podem estar mais presentes do que nunca. É importante entender que essas mudanças nos relacionamentos fazem parte do processo e tentar encontrar um equilíbrio para que o luto não gere ainda mais distanciamento ou conflitos.
Por fim, a espiritualidade pode ser afetada.
O luto pode nos fazer questionar coisas mais profundas, como o sentido da vida além da nossa própria espiritualidade. Perder alguém que amamos muitas vezes nos confronta com nossa própria finitude, e isso pode trazer à tona uma série de questionamentos existenciais. Por que isso aconteceu? Qual o sentido da vida sem essa pessoa?
Essas perguntas fazem parte do processo de luto e da busca por um novo significado. Muitas pessoas se voltam para a espiritualidade ou para crenças religiosas, buscando conforto e respostas. Outras podem se sentir desconectadas de sua fé ou podem se perguntar se suas crenças ainda fazem sentido. Essa busca por significado é algo que leva tempo, e cada um vai encontrar suas próprias respostas, à sua maneira.
Agora que discutimos as áreas que o luto pode afetar, é natural se perguntar: o que esperar do futuro? O luto é um processo longo e, em muitos aspectos, contínuo. Nos primeiros meses, a dor pode parecer insuportável, mas com o tempo, ela tende a mudar de forma. A tristeza e a saudade podem permanecer, mas outras emoções também podem começar a surgir. Alegria, gratidão pelos momentos vividos com a pessoa que se foi, e a construção de um novo sentido de vida.
Trabalhar o luto na busca de uma elaboração saudável, vai envolver um equilíbrio entre sentir a dor da perda e, ao mesmo tempo, começar a reconstruir a vida sem aquela pessoa. Essa reconstrução é gradual, e é importante ser paciente consigo mesmo.
Como vocês já sabem, o luto não é algo que “superamos”, mas sim algo que aprendemos a viver com. Ele nos transforma, e cabe a nós encontrar formas de crescer e nos adaptar, mesmo diante de uma perda tão significativa.
Pode ser que para algumas pessoas o luto vai sendo elaborado de forma mais fluida, enquanto outras podem encontrar mais dificuldades nessa vivência e nesse momento é importante buscar o acompanhamento de um psicólogo, para auxiliá-las nesse processo de reorganização e retomada da vida.
Como ter ajuda?
Se você está percebendo que precisa de ajuda, se está muito difícil, mais uma vez te digo, busque ajuda, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.
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Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará em diversas plataformas de áudio.
Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!
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