Memorial Vale da Saudade

De onde vem o apoio?

Quando alguém perde uma pessoa amada por conta de um suicídio, ela pode precisar de muito carinho, acolhimento e cuidado. Quer saber algumas possibilidades de ajudar uma pessoa nesta situação? Acompanhe nosso episódio de hoje.

O link para inscrição no Grupo de Apoio ao Enlutado pelo suicídio é https://memorialvaledasaudade.com.br/enlutados-pelo-suicidio/

Um projeto do Memorial Vale da Saudade, apresentado por Priscila Gauna

Texto do episódio

Hoje vamos falar sobre uma dor que pode não ser percebida, ou, sendo percebida, pode não ser acolhida pelos outros, mas que é sentida profundamente por quem a vive. O luto pelo suicídio é marcado por uma dor muitas vezes silenciosa (ou silenciada), uma dor que frequentemente não encontra espaço para ser expressa, compreendida ou acolhida. Hoje vamos conversar como essa dor se manifesta e, também, como podemos oferecer apoio às pessoas que estão passando por esse tipo de luto.

Quando uma pessoa tira a própria vida, os que ficam para trás são confrontados com uma mistura complexa de emoções. O choque, a tristeza e o vazio são frequentemente acompanhados por sentimentos de culpa, vergonha e até raiva. Perguntas como: “Por que isso aconteceu?!” ou “O que poderíamos ter feito para evitar?” são comuns e muitas vezes, permanecem sem resposta, alimentando um ciclo de dor e sofrimento que parece não ter fim.

O luto pelo suicídio muitas vezes é um luto silencioso. Em nossa sociedade, o suicídio ainda é um tabu, e isso faz com que os enlutados muitas vezes se isolem, se sintam isolados, sem saber com quem podem falar sobre sua dor. Em quem confiar? Quem é a pessoa que poderá ouvir sem julgar, sem apontar dedos? Outro fator que pode fazer com que os enlutados se isolem e evitem buscar ajuda, é o fato de que muitas vezes eles são expostos à curiosidade das pessoas e também da mídia.

Então, como forma de se preservarem, por temer o julgamento, a incompreensão, ou até mesmo a rejeição por parte de amigos e familiares, essa dor é silenciada, ao menos externamente.

Mas essa dor não precisa ser enfrentada sozinha. O apoio aos enlutados pelo suicídio é fundamental para que eles possam encontrar uma forma de conviver com a perda. Então, de onde pode vir esse apoio?

Primeiro, é essencial que os enlutados tenham um espaço seguro onde possam falar sobre o que estão sentindo, sem medo de julgamento. Ouvir, de forma atenta e empática, é uma das maneiras mais poderosas de oferecer suporte. Às vezes, as palavras não são necessárias; o simples ato de estar presente, de segurar a mão, de demonstrar que está ali, pode ser de grande importância para essa pessoa.

Além disso, é importante que o enlutado tenha sua dor reconhecida e validada. Dizer coisas como “eu não consigo imaginar o que você está passando, mas estou aqui para você” pode ajudar a pessoa a se sentir vista e acolhida em sua dor. E é importante que, ao se prontificar a estar ali, que você realmente esteja. Pode ser que essa pessoa precise inclusive de ajuda com coisas práticas para serem resolvidas. Então esteja presente.

Outro ponto muito importante é a necessidade de quebrar o silêncio em torno do suicídio. Falar sobre o assunto de maneira aberta e respeitosa pode ajudar a reduzir o estigma e permitir que os enlutados sintam que não estão sozinhos.

Isso pode incluir participar de grupos de apoio, onde eles podem compartilhar suas experiências com outras pessoas que passaram por situações semelhantes. O Cemitério Memorial Vale da Saudade conta com o Grupo de Apoio ao enlutado pelo suicídio que acontece semanalmente de forma gratuita. O link para inscrição é https://memorialvaledasaudade.com.br/enlutados-pelo-suicidio . Se inscreva, ou encaminhe para alguém que esteja precisando.

A ritualização também pode ser uma forma significativa de dizer adeus e honrar a memória da pessoa que se foi. Isso pode incluir cerimônias religiosas, atos simbólicos como acender uma vela, montar um espaço com fotos em casa, criar uma caixinha de memórias, algo que faça sentido para o enlutado. Esses rituais podem ajudar a trazer um senso de encerramento – o que não quer dizer se esquecer daquela pessoa ou superar o luto, já que sabemos, o luto não se supera, se vive.

É fundamental que, ao apoiar alguém enlutado pelo suicídio, evite julgamentos. Mostre compreensão e apoio. Lembre-se de que o enlutado está muito machucado neste momento e pode estar lidando com sentimentos de culpa que podem ser extremamente pesados. O papel de quem se dispõe a estar ao lado desse enlutado é ajudá-lo a aliviar essa carga, não acrescentá-la.

Por fim, quero dizer que é fundamental que os enlutados saibam que não precisam carregar essa dor sozinhos. A terapia com psicólogos especializados em luto, pode ser muito importante neste momento.

Apoiar alguém que perdeu uma pessoa querida para o suicídio é uma tarefa delicada e, muitas vezes, difícil. Mas ao oferecer nosso ouvido, nossa compreensão e nosso coração, podemos ajudar a aliviar, mesmo que só um pouco, essa dor tão profunda.

Se você está enfrentando essa dor, saiba que não está sozinho. Há ajuda disponível, e há pessoas dispostas a ouvir e apoiar você.

E para todos nós, que possamos ser mais atentos e compassivos com aqueles ao nosso redor, lembrando que, muitas vezes, dores muito profundas são vividas de forma silenciosa.

Como ter ajuda?

Se você está percebendo que precisa de ajuda, se está muito difícil, mais uma vez te digo, busque ajuda, O Memorial Vale da Saudade pensando em como ajudar na coletividade conta com programas de apoio ao enlutado mensalmente, portanto, se você ou um ente querido está vivenciando essa dor pela perda de alguém que você muito ama saiba mais sobre nossos programas clicando aqui.

Objetivando o acesso a todos que não podem escutar nosso podcast, extraímos o texto para melhor aproveitamento daqueles que preferem a leitura. Caso se interesse por escutar o podcast Vale Lutar, você encontrará em diversas plataformas de áudio.

Conheça o Memorial Vale da Saudade e tenha toda a tranquilidade que você precisa!

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Você acredita que o luto por suicídio tem aspectos diferentes de outros lutos?

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